Da New Scientist, via Inovação
Tecnológica
Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os
manifestantes vão ganhando novos argumentos.
Uma análise das relações entre 43 mil empresas transnacionais concluiu
que um pequeno número delas – sobretudo bancos – tem um poder
desproporcionalmente elevado sobre a economia global. A conclusão é de três
pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de
Lausanne, na Suíça. Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e
identifica empiricamente essa rede de poder global.
“A realidade é complexa demais, nós temos de ir além dos dogmas, sejam
eles das teorias da conspiração ou do livre mercado,” afirmou James
Glattfelder, um dos autores do trabalho. “Nossa análise é baseada na
realidade.”
Rede de controle econômico
mundial
A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar
modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada
para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.
O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes
empresas transnacionais em nível global.
Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas
controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número
limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de
propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de
controle econômico poderia afetar a economia mundial – tornando-a mais ou menos
instável, por exemplo.
O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou
uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores. A análise
identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de
controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em
escala mundial.
Poder econômico mundial
Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central
de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas – na
média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.
Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico
concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em
conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo – as
chamadas blue chips nos mercados de ações.
Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que
atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.
E isso não é tudo.
Superentidade econômica
Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades
cruzadas, eles identificaram uma “superentidade” de 147 empresas intimamente
inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo
central de 1.318 empresas.
“Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira,”
diz Glattfelder.
E a maioria delas são bancos.
Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em
si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.
Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito
instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se
propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial
como um todo.
Eles ponderam, contudo, que essa superentidade pode não ser o resultado
de uma conspiração – 147 empresas seria um número grande demais para sustentar
um conluio qualquer.
A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder
econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.
Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado,
mas agem em conjunto no interesse comum – e um dos maiores interesses seria
resistir a mudanças na própria rede.
As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais superconectadas são Barclays
plc; Capital Group Companies Inc; FMR Corporation; AXA; State Street
Corporation; JP Morgan Chase & Co; Legal & General Group plc; Vanguard
Group Inc; UBS AG; Merrill Lynch & Co Inc; Wellington Management Co LLP; Deutsche
Bank AG; Franklin Resources Inc; Credit Suisse Group; Walton Enterprises LLC; Bank
of New York Mellon Corp; Natixis; Goldman Sachs Group Inc; T Rowe Price Group
Inc; Legg Mason Inc; Morgan Stanley; Mitsubishi UFJ; Financial Group Inc; Northern
Trust Corporation; Société Générale; Bank of America Corporation; Lloyds TSB
Group plc; Invesco plc; Allianz SE 29. TIAA; Old Mutual Public Limited Company;
Aviva plc; Schroders plc; Dodge & Cox; Lehman Brothers Holdings Inc; Sun
Life Financial Inc; Standard Life plc; CNCE; Nomura Holdings Inc; The
Depository Trust Company; Massachusetts Mutual Life Insurance; ING Groep NV; Brandes
Investment Partners LP; Unicredito Italiano SPA; Deposit Insurance Corporation
of Japan; Vereniging Aegon; BNP Paribas; Affiliated Managers Group Inc; Resona
Holdings Inc; Capital Group International Inc; China Petrochemical Group
Company.
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