Che Guevara é um mito mundial que sobrevive em cada manifestação de
revolta contra o poder capitalista.
Pedro Belasco, Via Correio
do Brasil
Afirmar que a memória de Che permanece viva seria muito pouco para o
“eterno revolucionário” cujo internacionalismo de sua presença não tem
precedente. Está “presente” em qualquer manifestação popular, em qualquer
comício em qualquer lugar do mundo, tornou-se ídolo da juventude mundial,
símbolo de radical disputa e revolução permanente, fonte de inspiração para
muitas faces da arte.
Jean-Paul Sartre o caracterizou em 1968 como “uma das maiores figuras
humanas do século 20” .
Mas, também, neste século 21 a
figura de Che permanece viva como nunca na América Latina e no mundo inteiro,
onde o lema “socialismo ou barbárie” torna-se novamente atual.
Hoje, a Bolívia, com Evo Morales na Presidência de República, honra Che
oficialmente. Mas também a América Latina, de modo geral, evolui – de uma ou de
outra forma – rumo à direção do que Che sonhou, porém não por intermédio das
armas, mas com múltiplos movimentos populares e vitórias eleitorais de frentes
de forças da esquerda, na base de programas antineoliberais.
União da AL
Em um período de profunda crise, como a atual que é, também, crise de
valores, é de particular importância destacar que Che desperta consciências não
porque foi um grande teórico ou porque representa a correta “receita para uma
revolução”, mas como modelo de moral de um combatente irreconciliável e
internacionalista, na teoria e na prática.
“Meu marxismo tem raízes profundas”, escreveu na última carta a seus
pais. Se for realizada uma pesquisa questionando qual era sua nacionalidade,
dificilmente haveria respostas certas.
Che nasceu na Argentina, mas é herói da América Latina e símbolo de sua
união. Foi um dos líderes da Revolução Cubana e seu indiscutível teórico.
Abandonou seu cargo de ministro da Indústria para lutar ao lado dos movimentos
nacionalistas libertários na África. Depois foi à Bolívia, onde tentou
organizar um movimento de guerrilha, mas encontrou grandes dificuldades e,
finalmente, foi morto, não como gostaria de ter sido – em pé, lutando – mas
assassinado.
Transcorrendo o século 21, o mito de Che não sofreu desgaste, mas
cresce incessantemente e internacionaliza-se, particularmente entre os jovens
do planeta. E isso ocorre porque a crise do sistema é profunda e
multidimensional, e o mundo deverá mudar radicalmente e derrubar as
desigualdades que destroem as sociedades e imobilizam as capacidades criativas
dos seres humanos. A própria vida na Terra está ameaçada pela galopante
decadência ambiental, consequência do predominante modelo neoliberal de
crescimento.
Che está mais vivo hoje. Propõe a esquerda como postura e modelo de
vida. Fala direto no coração e na consciência com as mesmas palavras, com as
quais falou a seus filhos em sua última carta:
“Acima de tudo, sejam sempre capazes de
sentir profundamente qualquer injustiça que está sendo cometida contra qualquer
um, em qualquer canto deste mundo. É a característica mais bela de um
revolucionário.”
Ernesto
Che Guevara, guerrilheiro heroico
Pedro Belasco é cientista social.
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