Confira como a realidade de Cuba é bem diferente da que desejam seus críticos,
que se guiam pela ideologia, e não pelos fatos.
Publicado no Brasil 247, mas lido
no Pragmatismo
Político
Ignorando fatos concretos, os críticos de Cuba alardeiam que a Ilha vive
na miséria. Mas o país tem elevado Índice de Desenvolvimento Humano e excelentes
indicadores sociais.
Cuba
é um país inviável, no qual a população vive na miséria e passa fome. As
cidades cubanas estão caindo aos pedaços, está tudo sucateado. Enfim, tudo em
Cuba é ruim e o país é o mais claro exemplo do fracasso do socialismo.
Essa é a imagem de Cuba passada aos brasileiros por jornalistas, articulistas
e curiosos que se baseiam em suas convicções ideológicas – principalmente – em fontes
internas e externas contrárias ao governo cubano e ao sistema socialista (sempre
ouvidas) e em rápidas e superficiais viagens ao país.
Mas então é preciso que esses analistas – que gostam tanto de números –
expliquem como é que Cuba está em 51º lugar, entre 187 países, no Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) da ONU. E como pode ser considerada pelo Programa das Nações Unidas
para o Desenvolvimento (PNUD) uma nação de “desenvolvimento humano elevado”.
Não é muito coerente que os cubanos vivam na miséria e esfomeados, como
se diz, e o país tenha elevado Índice de Desenvolvimento Humano, obtido a partir
de indicadores nas áreas de saúde, educação e renda. E esteja entre os 51 países
com o maior índice, dos 187.
O mais alto IDH é o da Noruega (0,943), seguido de Austrália, Holanda, Estados
Unidos e Nova Zelândia. O primeiro grupo, de 47 países com “desenvolvimento humano
muito elevado” termina com Argentina, Croácia e Barbados, esse com índice 0,793.
O da Argentina é 0,797. Nesse grupo, só tem outro país latino-americano, o Chile,
em 44º lugar com 0,805.
Entre os primeiros países de “desenvolvimento elevado”, estão o Uruguai
(em 48º com 0,783) e Cuba, em 51º e índice de 0,776. Nesse grupo de 46 nações estão
mais os seguintes latino-americanos: México (57º), Panamá (58º), Costa Rica (69º),
Venezuela (73º), Peru (80º), Equador (83º), Brasil (84º) e Colômbia (87º). Os demais
estão entre os que têm médio desenvolvimento humano, com exceção do Haiti, que tem
baixo IDH.
O que coloca Cuba em 51º lugar e no segundo grupo é o baixo rendimento bruto
per capita de sua população, que, ao contrário
do que pensam ou querem que pensemos os analistas neoliberais, não significa necessariamente
uma qualidade de vida muito menor. Em Cub,a a renda é mesmo muito baixa, quase a
metade da brasileira, mas com pouca diferença entre o mais baixo e o mais alto rendimento.
Há um sistema de subsídios – que está sendo revisto, mas com compensações – à alimentação,
ao transporte, à cultura; a saúde e a educação são gratuitas em todos os níveis,
do curativo à quimioterapia, da creche ao doutorado.
O “IDH de não rendimento” de Cuba – ou seja, o IDH sem o indicador de renda
– é de 0,904, o que coloca o país em 25º lugar, ultrapassando 26 países que tem
o IDH maior por causa da renda. O maior IDH de não rendimento é o da Austrália (0,975),
seguido de Nova Zelândia, Noruega, Coreia do Sul, Holanda e Canadá. Os Estados Unidos
estão em 13º lugar (0,931). Cuba está na frente, dentre outros, do Reino Unido,
da Grécia, de Portugal, de Israel e dos riquíssimos Emirados Árabes Unidos, Brunei
e Qatar, sendo que esse último que tem rendimento bruto per capita 20 vezes maior do que a de Cuba.
Os números do PNUD mostram que não há muita diferença entre os indicadores
sociais dos países com mais alto IDH e os de Cuba. Ou seja, o baixo rendimento per capita tem baixa influência sobre a educação
e a saúde dos cubanos.
Basta comparar alguns índices:
País
|
Esperança de
vida |
Anos de
escolaridade |
Escolaridade
esperada |
Noruega
|
81,1
|
12,6
|
17,3
|
Austrália
|
81,9
|
12,0
|
18,0
|
Holanda
|
80,7
|
11,6
|
16,8
|
EUA
|
78,5
|
12,4
|
16,0
|
Nova
Zelândia
|
80,7
|
12,5
|
18,0
|
Canadá
|
81,2
|
12,1
|
16,0
|
Cuba
|
79,1
|
9,9
|
17,5
|
A título de curiosidade, uma comparação entre Argentina, Uruguai, Venezuela
e Brasil:
País
|
Esperança de
vida |
Anos de
escolaridade |
Escolaridade
esperada |
Argentina
|
75,9
|
9,3
|
15,8
|
Uruguai
|
77,0
|
8,5
|
15,5
|
Venezuela
|
74,4
|
7,6
|
14,2
|
Brasil
|
73,5
|
7,2
|
13,8
|
Um indicador bem revelador é o índice de mortalidade infantil da Organização
Mundial de Saúde, com base em crianças de menos de um ano de idade mortas entre
mil. Dos países citados – os de melhor IDH, de alta renda e alguns sul-americanos
–, a classificação é a seguinte:
Noruega
|
2,8
|
Holanda
|
3,6
|
Austrália
|
4,1
|
Coreia do
Sul
|
4,2
|
Cuba
|
4,6
|
Nova
Zelândia
|
4,8
|
Canadá
|
5,2
|
Brunei
|
5,8
|
Emirados
Árabes Unidos
|
6,1
|
Estados
Unidos
|
6,5
|
Qatar
|
6,7
|
Chile
|
7,7
|
Uruguai
|
9,2
|
Argentina
|
12,3
|
Venezuela
|
13,7
|
Brasil
|
17,3
|
Pode-se gostar ou não gostar do sistema social que vigora em Cuba há 52
anos, pode-se considerar que Raul e Fidel Castro fazem as coisas certas ou as coisas
erradas. Cuba tem enormes problemas econômicos, sociais e políticos e há muita coisa
que precisa e pode ser mudada. A população tem enormes carências, reconhecidas pelo
governo cubano. Mas não há o caos que se pinta e a fome que se alardeia, nem é o
país à falência que desejam seus críticos que se guiam pela ideologia, e não pelos
fatos.
Cuba incomoda "alguns" porque oferece uma alternativa diferente à America Latina... Cuba é a America Latina contestadora... que não aceita ser empregadinha do Norte... por isso ke Cuba irrita o Norte e os papagaios deste.
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