Emir Sader, via Carta
Maior
Quando ganhou, como todo
presidente norte-americano, Bush filho também disse, em 2000, que a América
Latina se tornaria ”um compromisso fundamental” de sua presidência. Em seu
livro de memórias, Pontos de decisão,
ele dedica menos de 0,5% das 497 páginas dedicadas ao continente. Nenhuma
referência ao Brasil.
Em sua biografia política, Minha vida, Clinton dedica cerca de 10
páginas do total de 957 à América Latina, cerca de 1% do livro, quase todas
referidas a Haiti e a Cuba.
Madeleine Albright, ex-secretária
de Estado, no seu livro Madame secretary,
dedica uma dezena de páginas à América Latina, do total de 562, com alguns
parágrafos dispersos sobre Cuba e o Haiti.
Condoleezza Rice vem de publicar seu
Nenhuma honra mais alta: 98% do total
de 766 páginas são dedicadas ao Oriente Médio, à Russia, à Ásia e apenas 2% –
umas 15 páginas – à América Latina.
Enquanto isso, os EUA exportam três
vezes mais para a América Latina do que a China; 43% das exportações totais dos
EUA vêm para a América Latina e o Caribe, que é fonte cada vez mais importante
de petróleo e é a região com mais impacto em temas como a imigração e o
narcotráfico. No entanto, Clinton escreve, no último número da revista Foreign Policy, “O século do Pacífico”,
que “o futuro da geopolítica se decidirá na Ásia e não no Afeganistão”.
Os EUA, junto com a direita
latino-americana – a partidária e a midiática –, não têm o que propor ao
continente. Nem alternativas por parte das direitas locais, nem alternativas
econômicas por parte dos EUA sempre em recessão.
Cabe ao continente – que, para os
EUA, é um pé de página nas biografias de seus ex-dirigentes – aproveitar-se da
hegemonia que o modelo dominante na região adquire, para avançar na
consolidação dos processos de integração regional e na construção de modelos
alternativos ao neoliberalismo que a direita e os EUA impuseram a nossos
países.
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