Para nada contribuíram com o propósito
de evitar o flagelo terrorista em nível global ações dos Estados Unidos supostamente
voltadas para este fim em consequência dos atos criminosos de 11 de setembro de
2001.
Por Manuel Yepe, em Cubadebate, via Vermelho
Nem a promulgação das chamadas leis
patrióticas que autorizavam execuções extrajudiciais ou detenções arbitrárias de
cidadãos nacionais ou estrangeiros, nem as ações encobertas violadoras de leis e
fronteiras, nem a discriminação e perseguição de imigrantes, nem o abandono do Direito
Internacional Humanitário, nem as sanções unilaterais, nem as “listas” ou certificações
de países com turvos fins políticos serviram para evitar o terrorismo.
Em vez disso, ganha força atualmente
nos Estados Unidos uma nova forma de promover o terrorismo. Depois que a oligarquia
estadunidense, embriagada de poder, inaugurou a promoção dos sequestros de aviões
como arma de sua guerra mediática contra Cuba, não passou muito tempo para que esse
delito terrorista repercutisse contra a superpotência. Somente com a colaboração
oficial e sincera de Cuba pôde-se dar fim a esta perigosa moda.
Recentemente, com similar embriaguez,
especialistas militares e de inteligência estadunidenses sugeriram durante uma audiência
convocada por vários legisladores do partido republicano na Câmara de Representantes
do Congresso dos Estados Unidos a conveniência de levar a cabo assassinatos seletivos
de altas patentes dos guardiães da revolução iranianos e ciberataques contra esse
país.
“O Irã tem demonstrado com o presumido
complô para tentar matar o embaixador saudita em Washington que representa uma ameaça
inclusive dentro dos Estados Unidos, e não se deve descartar qualquer tipo de medida
contra esse país”, afirmaram por sua parte os republicanos sem fazer notar que Teerã
tinha desmentido com prontidão a acusação qualificando-a de manobra absurda.
“Por que não matá-los? Esta gente
matou cerca de um milhar dos nossos, por que não os assassinamos mediante operações
secretas?”, declarou o general da reserva Jack Keane, ex-chefe do Estado Maior do
Exército diante do Subcomitê de Contraterrorismo e Inteligência da Câmara. “Temos
de agarrá-los pelo pescoço. Eles têm de sentir esse tipo de pressão.”
“Já basta. Está claro que essas sanções
não são suficientes”, disse o chefe do Subcomitê de Contraterrorismo e Inteligência,
o deputado republicano pelo Texas, Michael McCaul, referindo-se às penalidades que
os Estados Unidos impõem ao Irã desde há três décadas.
“Este foi um complô real. Para mim
isso muda as regras do jogo. Nenhuma opção deve ficar fora da mesa”, acrescentou
o deputado republicano por Nova Iorque Peter King. “Não creio que vamos intimidar
essa gente a menos que matemos alguém”, disse por sua parte Reuel Marc Gerecht,
especialista da Fundação para a Defesa das Democracias.
Correntemente, se emprega o termo
“terrorismo” em casos de ações levadas a cabo por unidades secretas ou irregulares
que, dada sua inferioridade militar para enfrentar as instituições armadas governamentais,
operam fora dos parâmetros das guerras.
Mas é óbvio que é uma linguagem terrorista
a que os Estados Unidos estão empregando, não só contra o Irã, mas em escala mundial,
seguramente estimulados pelos “exitosos” recentes assassinatos em abundância do
líder da organização terrorista Al Qaeda, Osama Bin Laden, e do chefe de Estado
da República de Massas (Jamahiriya) da Líbia, coronel Muamar Kadafi, duas das figuras
mais intensamente demonizadas pelos meios de comunicação estadunidenses nos últimos
anos.
O povo estadunidense, que também sofreu
os horrores do terrorismo e não é responsável pelas atrocidades de seu governo,
pode sair também perdedor nesta legitimação das execuções extrajudiciais que a superpotência
promove ao mais alto e em todos os níveis dos governos sem respeito pelas fronteiras
nem às soberanias nacionais.
Manuel E. Yepe é advogado, economista e jornalista. Ele é professor
no Instituto Superior de Relações Internacionais, em Havana. Ele foi embaixador
de Cuba na Romênia, diretor geral da agência Prensa Latina, vice-presidente do Instituto
Cubano de Rádio e Televisão; fundador e diretor nacional do Sistema de Informação
Tecnológica (TIPS) do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, em Cuba,
e secretário do Movimento Cubano pela Paz e Soberania dos Povos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário