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Felipe Calderón é acusado pela oposição de causar um “banho de sangue” com sua política de repressão aos cartéis: 50 mil já foram vitimados. |
Polêmica operação teria apoio do presidente Felipe Calderón em nome da famigerada
“War on Drugs”.
Via Opera
Mindi
Mais um capítulo da polêmica que envolve a administração Obama com a venda
de armas a cartéis mexicanos surgiu na terça-feira dia 6. Uma investigação conduzida
pela jornalista Ginger Thompson, do jornal The
New York Times coloca que, na ânsia de “auxiliar o vizinho na luta contra os
cartéis de drogas”, membros da DEA, a Força Administrativa Anti-Narcóticos, teriam-se
envolvido com o fluxo financeiro do tráfico, o que inseriria a agência federal em
um crime de lavagem de dinheiro.
A reportagem do jornal enfatizou a linha tênue que o governo norte-americano
estabeleceu entre o combate e a manutenção dos cartéis armados. Em artigo publicado
no Los Angeles Times, o volume movimentado
pela lavagem de dinheiro que, em tese, possuía como objetivo a identificação dos
“chefões”, chega a 3% da economia mexicana – o equivalente a US$50 bilhões.
Em setembro, Opera Mundi já havia publicado parte
do escândalo.
Ex-agentes da DEA disseram ao New
York Times que uma diferença de gravidade deve ser considerada entre a operação
Velozes e Furiosos e a mais recentemente descoberta. Uma, segundo eles, envolve
armas e risco de vida, enquanto, a segunda, lida “apenas” com dinheiro. Pelo mundo
inteiro, o jornal contabilizou cerca de 50 ações do gênero, que ocorrem quando e
como o governo norte-americano bem entender.
A resposta da oposição republicana foi ágil. O blog Townhall acusou Washington
de, em nome de sua operação, “não apenas financiar o tráfico com armas, mas também
com dinheiro”. Em sites como o freerepublic.com, não são raros os leitores que se
perguntam, em seus comentários, quantos são os burocratas e funcionários públicos
contratados pelos cartéis e incluídos na folha de pagamento do governo.
Histórico
Ao inaugurar o Fórum das Américas do ano de 2009, o presidente norte-americano
Barack Obama foi contundente, asseverando que ninguém deveria “tolerar a violência
e a insegurança”, independentemente de onde ela viesse. Em seu discurso, “crianças
deveriam se sentir seguras para brincar nas ruas”, “policiais deveriam ser mais
poderosos do que chefões” e “juízes melhor empenhados no progresso das leis”. Evitar
que armas ilegais “corressem livremente pelas mãos de criminosos” e que “entorpecentes
destruíssem vidas” seriam os meios mais eficientes para a construção desse cenário.
O país que se propusesse a essas metas, segundo Obama, teriam o amparo de seu governo,
“porque os EUA são amigos de toda nação e pessoa que persegue um futuro de segurança
e dignidade”.
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Quase 2 mil armas norte-americanas de alto calibre espalharam-se por todo o méxico nas mãos de traficantes. |
A surpresa frente a esse esforço do presidente surgiria apenas após dois
anos de seu encontro com os líderes americanos. O fracasso da operação “Velozes
e Furiosos”, conduzida entre os anos de 2009 e 2010 pelo ATF (Departamento de Álcool,
Tabaco e Armas de Fogo dos EUA, na sigla em inglês) contra o tráfico de drogas mexicano,
eclodiria, no último mês de setembro, em um dos maiores escândalos do governo Obama.
A estratégia dos oficiais do estado de Phoenix era depositar quase duas
mil armas nas mãos de traficantes do México, de modo que, conforme percorressem
a sofisticada rede de criminalidade do país, chegassem aos principais chefes do
tráfico e fossem, então, rastreadas.
As autoridades responsáveis pela tática só não esperavam que o radar que
rastrearia esses armamentos falhasse, fazendo com que todo o arsenal adquirido pelo
governo norte-americano se espalhasse México adentro, perdendo-se nas mãos de mafiosos.
A comissão que investiga o lobby da indústria bélica dos EUA frente ao ATF e ao
FBI calcula que cerca de 200 delitos tenham sido praticados com essas armas de alto
calibre. o assassinato do agente da Patrulha da Fronteira Brian Terry, em 14 de
dezembro de 2010, ocorreu por meio de um fuzil AK-47 e foi contabilizado pelo grupo
de congressistas.
A denúncia mais severa partiu da emissora Fox News, que disse ter tido acesso
a documentos que comprovam o uso de dinheiro público para a compra dessas armas
no Arsenal Lone Wolf. O principal destino teria sido o Cartel de Sinaloa, liderado
por Joaquin “El Chapo” Guzman – o traficante mais poderoso da américa latina, com
uma fortuna estimada em US$1 bilhão e atuação em mais de 40 países.
Na outra margem
O México já havia proibido esse tipo de operação após o ano de 1998, quando
agentes americanos atuaram no país, desbancando um esquema de 110 milhões de dólares
conduzido por 12 bancos mexicanos.
A autorização, desta vez, contudo, partiu da elite do governo de Felipe
Calderón, cujo partido, em julho de 2012, enfrentará eleições gerais. Críticos acusam
o presidente de insistir “teimosamente” nos ataques aos cartéis, o eu já vitimou
cerca de 50 mil pessoas – um “banho de sangue”, dizem.
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