![]() |
Os 33 representantes sul-americanos durante cerimônia de instalação da Celac, |
“Pela primeira vez na história, teremos uma organização para a nossa
América Latina. Se ela tiver êxito, este será o maior acontecimento nos 200
anos de semi-independência que tivemos até agora.” Com esse discurso, o
presidente de Cuba, Raul Castro, que se encontra na Venezuela, classificou a
importância da primeira reunião de cúpula da Comunidade dos Estados
Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), que ocorre na sexta-feira, dia 2, em Caracas. Idealizada
em 2010 para fazer um contraponto à Organização dos Estados Americanos (OEA), o
grupo só não contará com a presença de Estados Unidos e Canadá no continente.
Via Opera
Mundi
A reunião da Celac contou com a presença de 32 dos 33 chefes de estado
e governo do continente – a exceção é o presidente peruano Ollanta Humala, que
precisou ficar no país para negociar uma solução pacífica para o impasse
envolvendo movimentos populares contra a construção de um projeto de mineração
em Cajamarca.
![]() |
Chavez, no momento em que mostra seu quadro à presidente argentina Cristina Kírchner. Ricardo Suckert/Presidência |
Amizade
Principal idealizador do grupo, o presidente da Venezuela, Hugo Chavez,
saudou os líderes presentes, e fez uma homenagem especial à presidente
argentina Cristina Kirchner: lhe presenteou com um quadro feito por ele mesmo
do ex-presidente Néstor Kirchner, morto em 2010. “Foi o quadro mais bonito que
fiz em minha vida”, disse à Cristina, que se emocionou com a foto de seu
ex-marido.
Também em clima amistoso, a presidente brasileira Dilma Rousseff
brincou com o líder venezuelano, dizendo que a careca de se antecessor, Luiz
Inácio lula da Silva, não era tão bonita quanto a dele. Tanto Lula quanto Chavez
tiveram de submeter-se a sessões de quimioterapia. Em outubro, Lula foi
diagnosticado com um câncer de laringe. Já Chavez trata de um câncer desde
junho, fator que postergou a reunião da Celac por alguns meses.
![]() |
A presidente Dilma Rousseff brinca com a careca de Chavez em coletiva de imprensa. Ricardo Suckert/Presidência |
Trabalhos
Na quinta-feira, dia 1º, o chanceler venezuelano Nicolás Maduro
coordenou a primeira reunião de ministros de relações exteriores do grupo, e
afirmou ter avançado em pelo menos 18 pontos de interesse comum dos
países-membros. “Quase um recorde”, comemorou.
O objetivo da nova associação latino-americana é fomentar a autonomia e
integração da região, maior exportadora de alimentos e uma das principais
reservas de gás e petróleo no mundo. Assim, a Celac passa a substituir
oficialmente o Grupo do Rio e a Cúpula da América Latina e do Caribe (Calc).
Repercussão
Para o presidente do Equador, Rafael Correa, o encontro representa a
oportunidade de ter um fórum mais próprio e sem “as cisões causadas pela
América anglo-saxônica. Temos de nos defender de sermos acusados de ditadores e
tiranos. Os EUA não reconhecem essa convenção, as contradições são muito
profundas”, disse o líder equatoriano.
Felipe Calderón, presidente do México, disse que a associação deverá
fortalecer a independência democrática dos estados-membros. “Hoje continuamos
um longo processo nunca visto, onde pretendemos forjar a prosperidade para
todos os seus habitantes.”
Daniel Ortega, presidente da Nicarágua, lembrou que a data da criação
oficial do grupo não foi por acaso: “Foi precisamente em 2 de dezembro de 1883 –
há 228 anos –, que os Estados Unidos proclamaram a Doutrina Monroe, uma
política expansionista para dominar a América Latina. Mas precisamente hoje,
também em um 2 de dezembro, estamos colocando fim a esta doutrina.”
“O sonho de Simon Bolívar e Augusto Sandino se faz realidade”, disse o
líder nicaraguense. Ortega lembrou que, além dos dois países anglo-saxões,
apenas um outro povo nas Américas na faz parte do grupo: Porto Rico,
oficialmente um território não-incorporado aos EUA. Ortega se referiu ao fato
de, em 1824, Bolívar ter feito uma convocação para a integração dos países da
região em um congresso no Panamá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário