Carlos Batista, via AFP
Quando a companhia suíça Victorinox
abriu sua loja de cutelaria em Havana muitos pensaram que estavam loucos, pois ninguém
compraria seus produtos a preços tão elevados, porém passados 14 meses acusa um
resultado de muito êxito.
“Compraram não somente turistas russos,
chineses, mexicanos, venezuelanos, pois dizem que os preços são menores que em seus
países, como também muitos cubanos, dos ‘paladares’ [restaurantes privados] e pessoas com ingressos”, comentou um empregado
à AFP.
A loja, numa rua movimentada de “La
Habana Vieja”, vende canivetes e outros artigos que valem desde 4 CUCs [pesos convertíveis de valor equivalente ao dólar]
até várias centenas.
A exemplo de outras capitais latino-americanas,
Havana possui agora casas de cadeias internacionais como Mango, Benetton, Adidas
e Victorinox e lojas estatais que vendem uma variedade de artigos eletrônicos e
eletrodomésticos.
Além do mais, restaurantes com mais
de 100 cadeiras como o Castropol, de uma sociedade de descendentes espanhóis, e
a estatal Pelenque estão geralmente cheios e, diferentemente de anos passados, seus
comensais são majoritariamente cubanos.
Qualquer economista recém-desembarcado
ficaria desconcertado: segundo dados oficiais, os cubanos tiveram ingressos em 2010
de cerca de 39,5 bilhões de pesos (US$1,6 bilhão) e gastaram um pouco mais.
As políticas do presidente Raul Castro
abriram espaço a negócios privados, o que incrementou os ingressos e o consumo de
muitas famílias.
Somam-se uma maior flexibilidade dos
Estados Unidos para que os cubanos-estadunidenses enviem remessas a suas famílias
na Ilha e os numerosos profissionais cubanos, médicos principalmente, que trabalham
em missões no exterior e ganham em divisas.
Em 2011 os cubanos passaram ao segundo
lugar na classificação por nacionalidade em hospedagem nos hotéis de turismo, logo
depois dos canadenses, com gastos de US$41 milhões no primeiro semestre, segundo
cifras oficiais.
Já em 2010, 3 milhões de cubanos se
hospedaram em hotéis: 93.400 em instalações 5 estrelas e 465.000 em hotéis 4 estrelas.
O principal comentarista econômico
do país, Ariel Terrero, disse que “vários setores da sociedade estão se reestruturando”.
Identificou quatro grupos: “Um que tinha baixa capacidade de ingresso, outros com
capacidade de ingresso média, média alta e alta. Na dependência desses quatro níveis
vão sendo formadas estruturas se tendências de preços no mercado”, disse Terrero
em seu programa de TV.
Matéria publicada originalmente no
site do jornal El Nuevo Herald de Miami,
de linha editorial fortemente contrarrevolucionária, de 14 de fevereiro.
Texto traduzido e enviado por Max
Altman
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