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Imagem de abertura do especial sobre Cuba produzido pela TV Bandeirantes |
Desde a terça-feira, dia 7, o Jornal
da Band (TV Bandeirantes), transmite uma série de reportagens “especiais”
sobre Cuba. Com o subtítulo “Os contrastes da Ilha fechada para o mundo”, o que
se vê é um amontoado de senso comum e preconceitos ocidentais contra a soberania
e legitimidade de Cuba.
Vanessa Silva, via Vermelho
O mote da série é o aniversário de
50 anos do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos à Ilha. O próprio repórter
chama o feito de “desumano” e pontua que a ação já foi condenada diversas vezes
pela ONU. Mas não esclarece em nenhum momento que todas as dificuldades da Ilha
decorrem deste bloqueio.
A maneira como a situação é apresentada
leva o telespectador a crer que os problemas são causados pelos “irmãos Castro”,
não pelos Estados Unidos e sua ação criminosa. Reportagem publicada pelo Vermelho em outubro de 2011 elucida
que a indústria leve de Cuba, somente em 2010, perdeu US$9,76 milhões, em consequência
do bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos EUA.
Os “irmãos Castro” não são ditadores
e tampouco inexiste democracia em Cuba. Em discurso proferido por ocasião da 1ª Conferência Nacional do
Partido Comunista de Cuba, em janeiro deste ano, o presidente Raul Castro reafirma:
“Se escolhemos soberanamente, com a participação e o apoio do povo, a opção martiana
[de José Martí, líder das lutas pela independência
de Cuba] do partido único, o que devemos fazer é promover a maior democracia
em nossa sociedade, começando por dar o exemplo dentro das fileiras do Partido.”
Mas ele disse democracia? Pois é, cara pálida!
O povo cubano participa ativamente
das tomadas de decisões do partido. Entre os meses de dezembro de 2010 e fevereiro
de 2011, mais de 8 milhões de cidadãos cubanos – em um universo de 11 milhões, de
acordo com o censo de 2009 – debateram as reformas econômicas e discutiram sobre
o futuro da Ilha. “Foi um verdadeiro e amplo exercício democrático. O povo manifestou
livremente suas opiniões, esclareceu dúvidas, propôs modificações, expressou suas
insatisfações e discrepâncias e também sugeriu abordar a solução de outros problemas”,
detalhou o jornalista e estudioso das questões internacionais, Max Altman, em agosto
de 2011. (Acompanhe a entrevista aqui).
A reportagem da Band serve meramente
como propaganda pró-capitalista e é um desserviço público. Ao exacerbar as dificuldades
de consumo, fica claro que o repórter comunga de uma visão neoliberal que “tenta
transformar tudo em mercadoria”, de forma “que tudo se venda, tudo se compre, que
tudo tenha preço”, como esclarece o sociólogo Emir Sader.
A próxima reportagem tratará dos efeitos
da liberação do comércio de carros e imóveis. Não é de se esperar algo melhor. Quem
não viu o vídeo, não vale a pena.
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