Dica do Solidários
e do Blog do Nescuba
Inaugurado em 8 de janeiro de
2011, o “Espaço do Brasil em Cuba – Memorial Hélio Dutra”, com o apoio do
Instituto Cubano de Amizade entre os Povos (ICAP), tem como proposta fomentar o
intercâmbio cultural, artístico e científico entre os dois países. A seguir, os
objetivos e atividades propostas pelo projeto.
Objetivos
● Divulgar a cultura cubana e
brasileira entre brasileiros e cubanos, por meio da realização de atividades
culturais e artísticas;
● Estreitar os laços de amizade e
solidariedade;
● Intensificar o intercâmbio
científico, cultural e artístico entre os dois países;
● Desenvolver atividades
comemorativas das datas históricas dos dois países;
Atividades
● Culinária (Brasil e Cuba –
diferentes regiões);
● Músicas (Brasil e Cuba);
● Exposições de pintura,
escultura e artesanato (Brasil e Cuba);
● Curso de português;
● Acervo bibliográfico de
literatura, cinema, artes em geral, política, história e arquitetura;
● Acervo de CDs e DVDs;
● Oficinas sobre diferentes temas
sobre a realidade brasileira e cubana;
● Comemorações de datas
históricas de Cuba e do Brasil.
Quem foi Hélio Dutra?
O mais brasileiro dos cubanos e o
mais cubano dos brasileiros. Assim era chamado Hélio Dutra, falecido aos 96 anos,
completados em 21 de novembro de 2004, 60 dos quais vividos em Cuba.
Hélio Dutra Domingues nasceu em 1908
no então Estado de Rio de Janeiro, filho de Oswaldo José Dutra e Eulina Domingues
Dutra. Teve um filho, Sérgio Dutra, casado com Lourdes, e dois netos, Sérgio e Carolina.
Hélio Dutra desde pequeno contribuiu
para a economia da família, composta de sete pessoas, e trabalhou como mensageiro
de duas farmácias no bairro de Ipanema. Depois foi meio-prático de farmácia – conseguiu
estudar até dois anos de estudos ginasiais –, office-boy, datilógrafo, vendedor
de apólices de seguro e reservista numa linha de tiro.
Em 1934, passou a trabalhar no Laboratório
Labrápia. Nessa época, ingressa no Partido Comunista Brasileiro. Em 29 de outubro
de 1945, após o término da 2ª Guerra Mundial, chegou a Cuba com a finalidade de
instalar uma filial do laboratório na Ilha.
Entre 1946 e 1958, depois de muitos
percalços pessoais e financeiros, consegue estabilizar a pequena filial em Havana
e, em 1948, abre uma unidade na Colômbia e outra na cidade do México, em 1950.
Em 1952, o general Fulgêncio Batista
sobe novamente ao poder e a luta revolucionária em Cuba se reinicia. Os efeitos
do golpe ditatorial se fazem sentir em todos os aspectos da vida nacional e também
na indústria farmacêutica, afetada pela crise econômica e pelo contrabando propiciado
pelas autoridades da época.
Durante todo esse período, ocasionado
por conjunturas econômicas desfavoráveis, Hélio foi obrigado a sair momentaneamente
de Cuba, mas sempre optou pelo seu retorno à Ilha, como sede permanente do seu trabalho.
As lutas revolucionárias que antecederam
ao triunfo da Revolução Cubana aproximaram a Hélio de seus ideais de transformação
social e da luta pelo alcance de justiça social. Apesar dos convites para deixar
o país e trabalhar com os norte-americanos, que ofertavam salários de milhares de
dólares, Hélio decidiu aderir ao processo revolucionário, entregando o laboratório
ao governo que o nacionalizou.
Foi testemunha dos grandes feitos
da Revolução Cubana e divulgador das ideias de José Martí, escrevendo, sob o título
da Frágua Martiana, numerosos artigos
sobre a obra e a ação revolucionária do Herói Nacional de Cuba.
Foi membro das Milícias de Tropas
Territoriais (MTT) e membro do Partido Comunista de Cuba (PCC). Casou-se pela terceira
vez no dia 16 de fevereiro de 1968 em Havana com a cubana Ella Alvarez Delgado,
sua companheira inseparável nos últimos 40 anos.
Escreveu em 1988 o livro Querida Ilha, com duas edições esgotadas,
que, como disse Fernando Morais, “mostra mais do que um retrato heroico da Revolução
Cubana, pois é acima de tudo uma apaixonada declaração de amor”.
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Ella e Hélio Dutra, lutadores incansáveis pela solidariedade entre Brasil e Cuba. |
Hélio Dutra muito significou e significa
para o fortalecimento do vínculo entre Brasil e Cuba, desde a fundação da Sociedade
Cuba-Brasil em Havana, em 1961. Sempre recebeu a todos os brasileiros, desde os
que não tinham visto no passaporte durante a ditadura militar brasileira, período
em que foram rompidas as relações diplomáticas entre os dois países, até os exilados
políticos desse período, sempre ao lado de Ella. Os dois eram incansáveis na atenção
aos muitos brasileiros que visitavam a Ilha por diferentes motivos.
Seu coração sempre possuiu as cores
das duas bandeiras, da brasileira e da cubana, como símbolo da solidariedade incondicional
entre os dois povos.
Hélio era muito respeitado tanto em
Cuba como no Brasil. Exemplo disso foi sua condecoração, em Cuba, com várias medalhas,
como a da Campanha de Alfabetização, a do CDR e a Feliz Elmuza, da União dos Jornalistas
de Cuba, quando completou 90 anos. No Brasil, durante algumas de suas viagens, era
recebido e homenageado pelos amigos e participantes do movimento de solidariedade
brasileiro e lançou o seu livro Querida
Ilha em diferentes cidades brasileiras.
Faleceu a 18 de março de 2004, 20 dias depois de Ella, com quem dividia seu trabalho de solidariedade entre cubanos e brasileiros
e que foi sua companheira na luta por um mundo melhor.
“Espaço do Brasil em Cuba – Memorial Hélio Dutra”
Calle Zapata (entre Basarrate y
Mazón)
Barrio Príncipe – Vedado
Havana – Cuba
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