Mariana Mendes, via Jornal A Verdade e lido no Solidários
Cuba denunciou em dezembro que o Facebook censurou sua página na rede social,
que possui mais de 70 mil seguidores, porque ela protestava contra o fechamento
do canal do portal Cubadebate no YouTube.
Tudo aconteceu porque o canal de vídeos do sítio estatal Cubadebate.cu publicou
um vídeo sobre Luís Posada Carriles, que é acusado por vários crimes na Venezuela,
incluindo a derrubada de um avião civil cubano que matou 73 pessoas, cumpriu pena
no Panamá por tentar assassinar Fidel Castro e recentemente propôs a via armada
para derrubar o governo cubano. O ex-agente da CIA está sendo julgado nos Estados
Unidos apenas por fraude migratória, embora a Venezuela exija que o terrorista seja
extraditado para ser julgado em seu país natal.
Segundo o YouTube, o vídeo possui “infração de copyright”. Contudo, o sítio
cubano afirma que as imagens do vídeo, que mostram Luís Posada Carriles dizendo
que queria o pagamento por seus serviços como terrorista internacional, são utilizadas
sem autoria em vários outros sítios.
Em nota, o sítio cubano afirma a existência de vários vídeos no YouTube
com informações manipuladas e tendenciosas sobre Cuba com imagens roubadas do sítio
estatal sem que o Google as tenha tirado da rede social, ainda que haja denúncias.
O acesso ao canal e à página cubanos foram restabelecidos, o vídeo de Carriles
continua censurado. Outro canal já publicou o vídeo em protesto à censura do Google.
Leia a nota no sítio do Cubadebate.
O bloqueio midiático
Além do bloqueio econômico imposto a Cuba pelos Estados Unidos, que dura
mais de 50 anos, a Ilha também sofre com o bloqueio midiático. A grande mídia filtra
as informações reais sobre o país e divulga informações falsas.
Em seu livro Cuba, apesar do bloqueio,
atualizado em 2011, Mário Augusto Jakobskind, que morou um ano em Cuba, afirma que
o bloqueio midiático é a “desinformação externa, que cria no mundo um senso comum
que demoniza Cuba. A imprensa mundial não se cansa de dizer que lá é ‘uma ditadura’,
chega ao absurdo de chamar de ‘ditadura dos irmãos Castro’. Isso não reflete a realidade”.
Segundo o sítio do Cubadebate, o microblog Twitter censura os TT (temas
do momento) quando eles não são do interesse da empresa. Isso aconteceu com o hashtag #DerechosCuba, que foi bloqueado
na Espanha. Contas da rede social também são fechadas arbitrariamente por motivos
políticos em todo o mundo, ou seja, os direitos tão proclamados de liberdade de
expressão são simplesmente negados todos os dias para manipular opiniões.
Embora seja intensamente propagandeado que presenciamos a “era da informação”,
a realidade é que poucos possuem acesso à rede, e ela é controlada por uma minoria
interessada em lucrar com a propaganda online e bloquear o que foge de seus interesses.
A sociedade cubana, ao contrário desta tendência, utiliza seus escassos recursos
cibernéticos, diminutos por conta do bloqueio econômico e comercial, para divulgar
a verdade sobre sua história. Falsas informações são propagadas com o argumento
de que o governo cubano teme liberar o acesso total à internet, quando se trata,
na verdade, da falta de recursos tecnológicos no país, devido ao implacável bloqueio.
O “cybermercenarismo”
Outra faceta da propaganda falsa contra Cuba se manifesta por meio do “cybermercenarismo”.
O jornal The New York Times publicou,
em junho de 2010, que os Estados Unidos lideram um grupo de países que utilizam
a tecnologia da informação mediante utilização de plataformas portáteis, viagens,
consultorias, hardwares e apoio à criação de páginas virtuais e sistemas de telefonia
móveis, para beneficiar os “dissidentes” em suas mensagens contrarrevolucionárias.
Sob o falso título de “independentes”, esses mercenários divulgam informações que
incitam à desobediência civil, fazem propaganda ilusória sobre o capitalismo e mentem
sobre a revolução cubana.
A propaganda pró-capitalismo é o resultado menos perigoso destas ações,
já que tais blogueiros não gozam de popularidade entre os cubanos. Tais “cybermercenários”
podem trabalhar como espiões e até promover interferências em sistemas estatais
e danos nos sistemas de serviços à população, além de acidentes graves.
La Polémica Digital
Apesar de todos os gastos e dos imensos esforços da máfia capitalista para
manter contrarrevolucionários em ação, a cada dia surgem novos blogueiros cubanos
que acreditam na revolução cubana e escrevem sobre o sistema em que vivem.
O blog La Polémica Digital, da jornalista cubana Elaine Diaz, é um destes
blogs que escreve sobre o dia a dia de Cuba: “É sobre isso que gosto de escrever:
o dia a dia, o que vejo na rua, no transporte público, o que ocorre com meu avô
– que é camponês e não tem a menor ideia do que seja a internet, e, além disso,
ela não lhe faz falta porque não a considera algo necessário para ser feliz. Por
isso, eu acho muito engraçado que os indicadores para medir o grau de satisfação
da população cubana sejam baseados em termos de internet, uma vez que a maioria
da população do mundo nem sequer tem o que comer ou onde dormir esta noite”.
Mariana Mendes é discente em Geografia na UFSCar de Sorocaba
(SP).
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