Com informações do Tudo
para minha Cuba
“Exilados” ou “refugiados” são termos que uma boa parte da mídia internacional
utiliza para descrever aqueles que emigram de Cuba para os Estados Unidos. Mas,
raramente, o termo é empregado à migração de pessoas de outros países da região
para o território estadunidense. Vamos ver o por quê.
A chamada Lei
de Ajuste Cubano, imposta pelos Estados Unidos em 1966, outorga privilégios
aos cubanos – migrantes que chegam aos Estados Unidos – dando-lhes moradia e
outras vantagens por até um ano. Porém, o governo chefiado atualmente por
Barack Obama não trata da mesma forma o restante dos migrantes de outros países
da América Latina. Isso é muito interessante.
Com status de “refugiados”, esses cubanos que moram nos EUA retornam,
frequentemente, à Ilha para visitar suas famílias e não encontram qualquer problema
para entrar e sair dos dois países. Com muito humor, o jornalista da BBC Fernando
Ravsberg afirma em seus textos que os “exilados cubanos” são os únicos no mundo
que passam suas férias no país que – teoricamente – os persegue.
O deputado republicano David Rivera, pertencente à ultradireita dos
cubano-estadunidenses, percebeu o fato e já pretende fazer modificações na Lei
de Ajuste Cubano. Recentemente, declarou na mídia que se tem tornado comum “os cubanos
procurarem asilo [nos EUA] de acordo
com a lei e, logo em seguida, viajarem em férias para o país que os persegue”.
Mas, apesar de reconhecer o que acontece, o congressista da ala ultradireitista,
em contradição com sua própria denúncia, insiste em dizer que “todos os cubanos
[que chegam nos Estados Unidos] são refugiados
políticos”.
Uma das alterações pretendida por Rivera estabelece que, quando alguém
for beneficiado pela Lei de Ajuste Cubano, ele não possa retornar a Cuba até obter
a cidadania norte-americana, que leva cerca de dez anos. Se voltar à Ilha antes
desse período, perde todos os privilégios e, além disso, pode ser deportado.
Isso mostra claramente que os cubanos beneficiados pela tal lei não são
exilados, perseguidos ou refugiados, mas são “migrantes econômicos” com as
mesmas características dos mexicanos, haitianos e salvadorenhos, por exemplo.
As posições de David Rivera são abertamente belicistas contra o governo cubano.
Ele participou em Miami de homenagens a terroristas como Luís Posada Carriles.
Com isso, as alterações que ele propõe para a lei têm objetivos meramente políticos
e eleitorais.
De acordo com pesquisa da Florida International University, os jovens
cubanos que emigraram para os EUA depois 1994 são contra o bloqueio a Cuba, em favor
de um diálogo entre os dois governos e não entendem por que não podem viajar para
a Ilha.
Outro motivo de o governo estadunidense querer diminuir o fluxo de viagens
dos cubanos é a entrada de divisas em Cuba. A maioria dos cerca de 400 mil cubanos
residentes nos EUA, quando visitam a Ilha, ajuda financeiramente seus
familiares. Atualmente, muitas dessas pessoas estão investindo em empresas particulares
em Cuba, após a aprovação das reformas econômicas do governo de Raul Castro.
Como pode-se perceber, a mídia
internacional usa termos obsoletos e imprecisos, com um marcado caráter político,
como “refugiados” ou “exilados” para se referir a um fenômeno de emigração econômica
tão comum para Cuba e outros países, da América Latina e do Terceiro Mundo.
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