Fidel Castro se inscreveu entre os mártires da América Latina e segue sendo
uma referência, mesmo sem cargos políticos.
O líder cubano Fidel Castro, ícone
do século 20, comemora na segunda-feira, dia 13, mais um aniversário. Ex-presidente
da Ilha, esse “soldado das ideias” chega aos 86 anos contrariando aqueles que insistiam
em prever desde seu ocaso até uma morte prematura. Fidel, no entanto, continua bem
vivo, lúcido e ativo.
Afastado do comando de Cuba desde
2006, ele abriu mão de seu posto à frente do Partido Comunista Cubano, mas continua
um observador atento do mundo, registrando seu pensamento por meio de suas reflexões.
Além disso, suas ideias, bandeiras e realizações continuam a ser exaltadas no cotidiano
da Ilha e além-mar – prova de que a ausência de cargos não lhe sonegou a influência.
Sobrevivente de mais de 600 atentados
contra a sua vida, Fidel é a parábola perfeita para a própria resistência cubana.
Um homem cuja história pode contar também a saga de seu país.
Nascido no povoado humilde de Birán,
no Leste da Ilha, Fidel é filho de um bem-sucedido imigrante espanhol, um latifundiário
vindo da Galiza chamado Ángel Castro, e de uma trabalhadora que conseguiu emprego
em sua fazenda, Lina Ruz.
Foi educado em colégios jesuítas,
em Havana. Em 1945, ingressou na universidade para estudar Direito. Tornou-se conhecido
por seus pontos de vista nacionalistas e de oposição à influência norte-americana
em Cuba. Em 1950, começou a trabalhar como advogado.
Desde 1952, com a subida ao poder
de Fulgêncio Batista, por meio de um golpe de Estado, Fidel fez oposição clandestina
ao ditador. No ano seguinte, planejou um ataque ao quartel de La Moncada. Acabou
preso com seu irmão Raul Castro. Foi condenado a 15 anos de prisão.
Em 1955, anistiado, partiu para o
exílio no México. Retornou a Cuba no ano seguinte, clandestinamente, chefiando uma
fileira de 82 homens decididos a empreender a guerrilha revolucionária. Os guerrilheiros
foram obrigados a se esconder nas montanhas de Sierra Maestra, mas obtiveram cada
vez mais apoio civil.
Fidel Castro e seus comandados entraram
em Havana em 1958 e terminaram por derrotar de maneira esmagadora Batista e o aparelho
militar criado pelos Estados Unidos. No dia 1º de janeiro de 1959, o ditador fugiu
do país.
Castro assumiu o governo e a partir
de então criaria um modelo próprio para Cuba, que os próprios cubanos se encarregam
de aperfeiçoar: um comunismo caribenho, alimentado pelo marxismo-leninismo, com
uma base nacionalista legada por José Martí.
Lançou uma política de nacionalização
de propriedades e empresas de estrangeiros e cubanos, com reforma agrária e amplos
benefícios sociais, que levaram a pequena ilha caribenha a alcançar indicadores
que a colocam ao lado dos países mais desenvolvidos. Cuba é hoje referência em áreas
como educação, saúde e esportes.
O líder também estimulou a solidariedade
internacional, o combate ao imperialismo e a integração regional. Seu humanismo
revolucionário desagradou àqueles que não queriam conviver com uma alternativa bem-sucedida
ao capitalismo.
Assim como o socialismo cubano, Fidel
resistiu às mais diferentes pressões – em especial ao bloqueio norte-americano –
e manteve suas posições. Em 31 de julho de 2006, debilitado por uma cirurgia no
intestino, transmitiu o poder ao irmão Raul. Em 2008, renunciou oficialmente à Presidência.
No mês de abril desse ano, abriu mão também do comando do Partido Comunista de Cuba.
“Fidel é Fidel, e não precisa de cargo
algum para ocupar sempre o lugar no topo da história no presente e no futuro da
nação cubana. Enquanto tiver forças para fazê-lo, e felizmente está na plenitude
de seu pensamento político, a partir de sua modesta condição de militante do partido
e soldado das ideias, continuará levando a luta revolucionária e aos propósitos
mais nobres da humanidade”, disse seu irmão Raul Castro, que o substituiu nas duas
missões.
O ex-presidente passou um período
sem atividades públicas, dedicando-se apenas a escrever seus artigos. Em 2010, contudo,
voltou a aparecer, mostrando-se bem disposto e lúcido, desmentindo recorrentes boatos
sobre sua saúde.
Sobre seu amigo Fidel, o escritor
Gabriel Garcia Márquez escreveu: “Esse é o Fidel Castro que creio conhecer: um homem
de costumes austeros e ilusões insaciáveis, com uma educação formal à antiga, de
palavras cautelosas e modos tênues, incapaz de conceber nenhuma ideia que não seja
descomunal”.
Texto retirado do Portal
Vermelho
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