Com Cuba à frente da Comunidade
de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) em 2013, se abre uma
oportunidade para os temas sociais na região, considerou a secretária executiva
da Cepal, Alicia Bárcena.
Em entrevista à Prensa Latina, a
máxima diretora da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal)
sublinhou que a liderança de Cuba na Celac facilitará que o olhar seja posto na
igualdade, que se avance em matéria de integração e se veja o “que mais podemos
fazer para que [o grupo] não só passe
pelo intercâmbio de bens e serviços, como também pelo intercâmbio de
capacidades”.
De acordo com a funcionária das
Nações Unidas, depois da presidência pro
tempore do Chile, que promoveu a esfera dos investimentos, com Cuba na
liderança da organização “passamos a olhar com prioridade o tema das relações
sociais, o tema educativo, a alfabetização, a profundidade e o intercâmbio de
experiências em matéria de políticas sociais bem-sucedidas em saúde, em
segurança social”.
A Celac foi constituída em sua
primeira cúpula, realizada em Caracas em dezembro de 2011, com a presença de
chefes de Estado e outros altos representantes dos 33 países da América Latina
e do Caribe. A próxima reunião de alto nível terá Santiago do Chile como sede no
final de janeiro de 2013, ocasião na qual o bloco também se reunirá com a União
Europeia.
Segundo Bárcena, para o organismo
que dirige, foi uma grande notícia a criação da Celac, já que “fazia falta na
região que se reunissem todos os Estados da América Latina e do Caribe e é a
primeira vez que existe este foro onde estão todos”.
A secretária executiva considerou
que, no calor dessa organização regional, se abrem espaços de colaboração e
cooperação muito importantes, “e isso vale a pena ser destacado”, enfatizou.
Segundo ela, não se trata de
substituir o que está funcionando bem, mas fortalecer. Ela defendeu que existam
maiores espaços de diálogo, como, por exemplo, entre a União de Nações Sul-Americanas
e o Sistema de Integração Centro-Americana, ou os espaços de integração da
América Central e da Comunidade do Caribe.
“Eu acho que se trata de
construir pontes, como a da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América,
que é um novo espaço geopolítico e econômico de grande relevância”, destacou a
diretora da Cepal.
A especialista descreveu a Celac
como uma espécie de marco que deve dar espaço a todos os esforços de
integração, com o horizonte da igualdade.
“América Latina e Caribe é a
região mais desigual do mundo e tem de ter como horizonte a igualdade, e como
caminho uma mudança estrutural virtuosa, a mudança de seus tecidos produtivos e
sociais para conseguir uma melhor distribuição de renda, uma melhor
distribuição dos fatores de produção, uma melhor distribuição da tecnologia, da
ciência e da educação”, refletiu Bárcena.
Alicia assinalou que não somente
com políticas sociais se resolve o social, pois deve haver uma mudança para
maior integração interregional.
“Somos uma região pouco
integrada, nosso coeficiente de integração interregional é de 19,2%, comparado
com o da Europa que é de 66%, ou o da Ásia-Pacífico que é de 40%”, indicou
depois de reconhecer que há espaço para uma maior integração e cooperação
econômica e também social.
Ela recordou que a presidência pro tempore do Chile este ano na Celac
enfatizou o tema dos investimentos, com resultados positivos, de maneira que a
América Latina e o Caribe se converteram em espaços muito atraentes para outras
regiões do mundo.
E é importante que “estes
negócios, estes investimentos, esta mobilização para nossa região seja sempre
dentro deste marco de atingir a igualdade e o acesso igualitário a
oportunidades”, indicou.
Na terça-feira, dia 2, a Cepal
apresentou seu Estudo Econômico da América Latina e Caribe 2012, no qual opinou
que a fraqueza da economia mundial incide no crescimento da região, que terá
neste ano uma expansão menor que a de períodos anteriores.
O organismo das Nações Unidas
assinalou que a desaceleração das economias durante 2011 se estendeu no
primeiro semestre de 2012, o que fez cair a projeção de crescimento de 3,7% a 3,2%.
As contrações na demanda externa
e uma tendência decrescente dos preços da maioria dos principais bens básicos
de exportação, transformaram o comércio exterior no principal canal de
transmissão da crise internacional às economias latino-americanas e caribenhas.
No entanto, a Cepal considerou que a região acumulou uma experiência
valiosa nos últimos anos, o que permite que responda adequadamente às
turbulências externas.
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