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Depois do Sandy, cubanos tentam recuperar seus pertences. |
O furacão Sandy interrompeu com sua passagem destrutiva a tranquilidade
na madrugada da quinta-feira, 25 de outubro de 2012, no Leste cubano, onde quase
um mês depois a solidariedade e o esforço para se repor das adversidades marcam
o caminho da recuperação.
Waldo Mendiluza, via Correio
do Brasil
Ventos superiores a 175 quilômetros por hora – com rajadas de até 200 –,
fortes chuvas e ondas do mar constituíram os atributos do ciclone tropical que atingiu
sobretudo as províncias de Santiago de Cuba, Holguín e Guantânamo, segundo a ordem
dos danos sofridos.
Durante cinco horas, Sandy açoitou o oriente da Ilha, ainda que as precipitações
associadas ao fenômeno tenham estendido seu efeito para territórios centrais como
Villa Clara e Sancti Spiritus.
Mais de 230 mil moradias afetadas, significativas perdas agrícolas, centenas
de toneladas de escombros em avenidas, ruas e espaços públicos e a interrupção de
dezenas de circuitos do serviço elétrico configuraram o estrago que fenômeno causou
no oriente do país.
Apesar das medidas adotadas pela Defesa Civil e os preparativos dos
cubanos, o furacão categoria 2 na escala de Saffir-Simpson provocou 11 mortos, além
das milionárias implicações econômicas.
Em Santiago de Cuba, a segunda província em importância e população do país,
Sandy deixou um panorama desolador, por seu impacto na infraestrutura habitacional,
rodoviária, agrícola, elétrica e telefônica.
“Nunca tínhamos visto aqui tanta fúria da natureza, é triste o que temos
ante nossos olhos”, comentou um santiaguero, com o qual concordaram outros entrevistados
pela imprensa local. Também foram inúmeras as manifestações de confiança no apoio
governamental aos mais afetados.
A resposta
Poucas horas depois do impacto de Sandy, começaram as tarefas de recuperação
e a mobilização de recursos para ajudar a população, restabelecer os serviços básicos
e ativar os centros socioeconômicos danificados.
Dirigentes e altos servidores públicos encabeçados pelo presidente Raul
Castro e o primeiro vice-presidente, José Ramon Machado Ventura, percorreram as
províncias afetadas pelo furacão, onde fixaram as prioridades da recuperação e dialogaram
com seus residentes.
O chefe de Estado convocou a realizar “o máximo esforço para restabelecer
no menor tempo possível a normalidade nos territórios afetados pelo furacão”.
“Temos de fazer um plano detalhado para a recuperação destas regiões e armazenar
todo tipo de recursos que possam precisar”, apontou.
No setor da moradia, desde províncias do ocidente e do centro do país saíram
por via férrea, marítima e terrestre materiais de construção para as regiões afetadas
pelo fenômeno climático.
Milhares de telhas, toneladas de cimento e blocos chegaram ao oriente cubano,
em operações que contaram com o apoio das Forças Armadas Revolucionárias.
Devido aos danos, o governo cubano anunciou sua decisão de realizar uma redução
de 50% dos preços vigentes dos materiais de construção vendidos às famílias afetadas,
com facilidades ou isenções para pessoas de poucos recursos.
A alimentação também contou com uma notável ajuda, a partir de dezenas de
vagões e caminhões carregados com carnes, cereais e grãos.
De territórios agrícolas como Mayabeque e Artemisa, no ocidente cubano,
foram transportados diversos produtos, fluxo que se manterá em novembro, informaram
servidores públicos.
Ao envio de alimentos somou-se o anúncio da estratégia nos territórios golpeados
pelo Sandy de avançar na recuperação das perdas agrícolas com cultivos de ciclo
curto como a batata-doce, a abóbora e o milho.
Outros setores com amplas mostras de solidariedade têm sido o elétrico e
o telefônico, a partir do apoio de dezenas de brigadas de outras províncias. Apesar
dos danos na infraestrutura de ambos serviços, autoridades asseguram sua restauração
total em Guantânamo e quase completa em Holguín e Santiago de Cuba, onde a queda
de mastros e cabos, e os danos em transformadores retardaram a restauração.
Solidariedade internacional
Ajuda humanitária, condolências pelas vítimas e mensagens de apoio procedentes
dos cinco continentes marcaram os dias posteriores ao impacto de Sandy.
Governos, organizações políticas e grupos de solidariedade de países como
Venezuela, El Salvador, Nicarágua, México, Bolívia, Equador, China, Rússia, Brasil,
Uruguai, Uganda, Suriname, Catar, Colômbia, Panamá, Peru, Alemanha, Japão e França
expressaram seu acompanhamento a Cuba.
Mais de 15 voos com ajuda humanitária transportaram centenas de toneladas
de alimentos não perecíveis, água potável e materiais de construção, que complementam
os volumosos recursos dedicados na Ilha às tarefas recuperativas. Também várias
embarcações, sobretudo procedentes da Venezuela, trouxeram donativos a Cuba.
Caracas ativou uma ponte de solidariedade com a Ilha e o chefe de Estado,
Hugo Chavez, enviou o vice-presidente Rafael Ramirez para coordenar in situ o apoio a Cuba.
Por sua vez, o presidente surinamês, Desiré Delano Bouterse, demonstrou
seu afeto à população de Santiago de Cuba durante uma visita de solidariedade. “Cuba
colabora com o mundo todo, por isso muitos países estão atentos ao que aconteceu
e o Suriname propõe-se compartilhar o pouco que tem neste momento difícil”, afirmou
pouco antes de entregar um donativo.
No meio dos esforços de recuperação, Havana emitiu suas condolências aos
governos e cidadãos das Bahamas, Canadá, Estados Unidos, Haiti e Jamaica, países
que também sofreram o impacto do Sandy, com perdas humanas e materiais.
Waldo Mendiluza é editor chefe da Redação Nacional
da Prensa Latina.
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