Antonio Capistrano
A diferença da cobertura na mídia brasileira sobre os estragos causados
em Cuba e nos Estados Unidos com a passagem do furacão Sandy demonstra como as
informações de nossa mídia sobre Cuba são distorcidas, manipuladas e muitas
vezes ocultadas.
Parece que o furacão Sandy não passou por Cuba, e sim, só pelos Estados
Unidos. A mídia deu a entender que em Cuba passou apenas uma tempestade
tropical, sem muitos prejuízos.
Cuba ficou localizada no caminho dos furacões, no Mar das Antilhas, na
entrada do Golfo do México. Praticamente todos os anos o país sofre com a
devastação causada pela passagem desse fenômeno da natureza. Para um país
pobre, sem grandes recursos naturais, sem fontes energéticas relevantes e sem
ajuda significativa da comunidade internacional, os furacões acarretam grande
impacto na economia do país. Além dos furacões, ainda existe o bloqueio
econômico imposto pela maior potência econômica e militar do mundo, os Estados
Unidos da América do Norte.
Não é mole, quase todos os anos, mobilizar mais de 3 milhões de
pessoas, colocando-as em locais seguros das consequências devastadoras dos
furacões. O governo cubano faz relocações da população das áreas que serão
afetadas com muita competência. O nível de consciência política do povo ajuda
na ação rápida de mobilidade de grande contingente populacional.
Os Estados Unidos, com toda a riqueza, com todo o aparado tecnológico
disponível, sofreu, e como sofreu, as consequência do furacão Sandy. Em Nova
Iorque foi um deus nos acuda. Imagine Cuba e o sacrifício de seu povo e de seu
governo no enfrentamento das consequências da passagem do Sandy pela Ilha.
Conversei com Olavo Queiroz, o camarada que preside, aqui no estado, a
Casa da Amizade Brasil/Cuba, que esteve lá logo após a passagem do furacão
Sandy. Ele voltou preocupado com o estrago causado nas províncias de Holguín,
Guantânamo e de Santiago de Cuba. O governo cubano vai ter muita dificuldade
financeira para reparar os estragos causados pelo furacão Sandy.
Li uma boa notícia no jornal Granma.
A representação da ONU em Cuba apresentou na sede das Nações Unidas, em Nova
Iorque, o plano de ajuda ao país. O documento foi preparado conjuntamente com
os representantes dos fundos, organizações e programas do Sistema das Nações
Unidas em Cuba, em coordenação com as autoridades nacionais, tudo com o objetivo
de otimizar o resultado da ajuda prevista. O povo cubano precisa muito dessa
ajuda.
Agora, o que anima é a certeza do compromisso do governo cubano com o
social, compromisso de oferecer educação, saúde, cultura, esporte e lazer para
todos, mesmo sofrendo constantemente esses reveses da natureza. Cuba sente
dificuldade em oferecer um bom padrão de vida a seu povo, mesmo assim oferece
oportunidade de uma educação de primeiro mundo e um sistema de saúde pública de
boa qualidade, extensiva a toda a população.
Os grandes meios de comunicação da América Latina, sob o controle dos
interesses ianques, não podem continuar distorcendo os fatos, mentindo,
ocultando informações corretas sobre essa brava Ilha.
Já estive lá por duas vezes (1988 e 2011), em cada viagem retornei mais
entusiasmado com a bela ilha, seu bravo povo e seu governo. Cuba sempre foi
solidária com a comunidade internacional, sempre esteve presente em diversos
países em momento de catástrofes levando ajuda humanitária. Chegou a hora de
receber apoio de seus irmãos latinos-americanos.
Antonio Capistrano foi reitor da Universidade
Estadual do Rio Grande do Norte (Uern) e é filiado ao PCdoB.
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