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Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula |
Maria Inês Nassif, via Instituto
Lula
“Não existe mais nenhuma razão de
se manter o bloqueio [de Cuba] a não ser
a teimosia de quem não reconhece que perdeu a guerra, e perdeu a guerra para Cuba”,
disse na quarta-feira, dia 30, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao discursar
no encerramento da 3ª Conferência Internacional pelo Equilíbrio do Mundo, patrocinada
pela Unesco. “Espero que [Barack] Obama
neste mandato tenha um olhar mais igualitário e mais justo para a nossa querida
América Latina”, defendeu o ex-presidente. E completou: “Como sou otimista, eu acredito
que um dia os Estados Unidos vão rever a sua posição, e espero que seja no governo
Obama, pois na existe nenhuma razão para continuar com o bloqueio a Cuba.”
A conferência, a terceira realizada
em dez anos, é patrocinada pela Oficina do Programa Martiano, que se propõe a debater
internacionalmente a contribuição intelectual do herói da independência cubana,
José Martí. O evento coincide com os 160 anos de Martí e com o aniversário de 60
anos da invasão do Quartel Moncada, um importante marco da Revolução Cubana, e reuniu
cerca de 1.500 participantes, dos quais 800 estrangeiros de 44 países.
Lula abriu seu discurso pedindo um
minuto de silêncio para as vítimas do incêndio em Santa Maria, no Rio Grande do
Sul, e fez uma homenagem a Hugo Chavez, que se encontra internado em Havana, em
tratamento de saúde. E ressaltou a importância do evento para a integração latino-americana.
“Vocês não podem voltar para suas casas e simplesmente colocar isso [a participação no evento] nas suas biografias.
É necessário que vocês saiam daqui cúmplices e parceiros de uma coisa maior, de
uma vontade de fazer alguma coisa juntos mesmo não estando reunidos”, afirmou Lula.
A interação permitida pelos meios de comunicação modernos, como a internet, abre
grandes possibilidades de furar o bloqueio de informação imposto pela mídia tradicional
aos governos progressistas e ao processo de integração latino-americano. “Nunca
tivemos tanta oportunidade de sermos tão independentes”, observou.
“Nem reclamo, porque no Brasil a imprensa
gosta muito de mim”, ironizou o ex-presidente. E deu a sua opinião sobre a razão
pela qual a mídia tradicional tem resistência a ele: “Eu nasci assim, eu cresci
assim e vou continuar assim, e isso os deixa [os órgãos de imprensa] muito nervosos”.
O mesmo se aplicaria aos outros governos progressistas da América Latina: “Eles
não gostam da esquerda, não gostam de [Hugo]
Chavez, não gostam de [Rafael] Correa,
não gostam de [José] Mujica, não gostam
de Cristina [Kirchner], não gostam de Evo Morales, e não gostam não pelos nossos
erros, mas pelos nossos acertos”, disse. Para Lula, as elites não gostam que pobre
ande de avião, compre um carro novo ou tenha uma conta bancária.
“Quem imaginava que um índio, com
cara de índio, jeito de índio, comportamento de índio, governaria um país e, mais
do que isso, seu governo daria certo?”, indagou Lula, referindo-se a Evo Morales,
presidente da Bolívia. Ele contou que a direita brasileira queria que ele brigasse
com Evo, quando ele estatizou a empresa de gás boliviana, que era de propriedade
da Petrobras. “Aí eu pensei: eu não consigo entender como um ex-metalúrgico vai
brigar com um índio da Bolívia”, contou o ex-presidente, sob os aplausos da plateia.
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Lula se encontra com Fidel em Cuba. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula |
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Clique aqui para assistir o discurso completo de Lula, que
foi transmitido pela Telesur.
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