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Praia de Varadero: um dos principais destinos dos brasileiros. |
Jaime Sautchuk
A República de Cuba quer ultrapassar
este ano a marca do 3 milhões de turistas estrangeiros que visitarão o país, perto
de 10% a mais do que em 2012. Para isto, apresenta um segredo: turismo barato e
de boa qualidade.
Os cubanos acreditam que não existe
contradição entre preços mais acessíveis que a média mundial e qualidade superior.
São fatores que, para eles, devem servir para todos os tipos de turistas, desde
os que estão na simples busca de sol e praia, até os que vão ao país para eventos
de negócios, científicos ou culturais.
Há, entre todas as modalidades, os
turistas mais exigentes, acostumados à qualidade cinco estrelas, ou os que poderiam
ser classificados como ideológicos, que buscam sítios históricos acima de tudo.
Para todos, porém, a capacitação da mão de obra joga papel fundamental na visão
dos cubanos.
Débora Morales, de 28 anos, trabalha
como garçonete num restaurante de um hotel da rede espanhola Meliá, em Varadero,
um dos principais balneários cubanos. Ela tem curso superior em Turismo e especialização
em Gastronomia, com nível de pós-graduação. E é apenas garçonete.
Como ela, todo cubano que vai trabalhar
em bares, restaurantes, hotéis ou pousadas passa por rigorosa formação. Colocar
um dedo na parte interna de um copo ou taça, mesmo após usados, é algo que nem passa
pela cabeça de um profissional da Ilha, para citar um exemplo bem trivial.
Por mais simples que seja o restaurante,
há talheres e recipientes de primeira qualidade, sempre arrumados com primor e fineza.
E, em meio a tantos cuidados, nunca falta um sorriso nos lábios dos atendentes,
desde os mais jovens, em início de carreira, até os com idade mais avançada, de
cabelos brancos. É parte do serviço.
A maioria dos 2,8 milhões de turistas
que visitaram Cuba no ano passado tinha o Canadá como país de origem. Em segundo
lugar vem o México. Isso não quer dizer, no entanto, que esses viajantes sejam todos
canadenses ou mexicanos.
Boa parte deles vem, em verdade, dos
Estados Unidos, que ainda mantêm o bloqueio a Cuba, mas seus cidadãos visitam a
Ilha em grande número, via México e Canadá, principalmente. O bloqueio de Washington
a Cuba, aliás, suscita uma gama de assuntos correlatos. Como é sabido, o
bloqueio só é mantido por sucessivos governos, inclusive o de Barack Obama, por
causa de questões políticas.
O estado na Flórida, onde está concentrada
grande parte da comunidade de endinheirados exilados cubanos, tem peso decisivo
nas eleições presidenciais. No colégio eleitoral que elege o presidente os delegados
dessa unidade da federação acabam sendo fiéis da balança. Por isso, ninguém quer
desagradar os eleitores de origem cubana, que defendem o bloqueio como vindita, para usar o linguajar mafioso.
O fato é que o bloqueio acaba afetando
bastante Cuba. A começar pelo número de turistas dos EUA que visitam a Ilha, que
poderia ser muito maior, até pela proximidade. Vale lembrar que a distância de Havana
para Miami é de apenas 180 quilômetros.
Mas há outros aspectos. Um exemplo
são os cabos de telecomunicações norte-americanos, que passam sob o mar nas costas
cubanas, mas é negado aos cubanos o acesso a eles. Com isso, a internet e a telefonia
celular em Cuba são acessadas via satélite, o que encarece e dificulta esses serviços.
Isso não impede, contudo, que redes
internacionais de hotéis e companhias de transportes aéreos se interessem por aquele
mercado. A maior parte dos brasileiros que vão a Cuba, por exemplo, usa voos da
Copa, que é apresentada como empresa panamenha, mas que, na realidade, é subsidiária
da American Airlines.
A qualidade da rede hoteleira cubana
também ajuda a atrair o turista. Comparando com o Brasil, podemos citar como exemplo
o complexo hoteleiro da Costa do Sauipe, próxima a Salvador, na Bahia. Em Cuba,
há vários complexos desse tipo, boa parte com hotéis de redes espanholas. É top
mundial.
O governo cede o terreno e garante a infraestrutura urbanística. As empresas,
por seu lado, constroem e administram os hotéis. E o lucro é rachado meio a meio.
BARATO DUVIDO.
ResponderExcluirAjudei, por mais de 10 anos, o turismo solidariedade a Cuba, entre 1992 e 2002 e testemunho que, apesar da intensificação do bloqueio ianque, na ocasião, o turismo era intenso e de boa qualidade. Apenas que os brasileiros, em que pese o peso populacional, era dos menores entre todos, mesmo assim, mais de 50 mil brasileiros visitavam a Ilha, anualmente. Ampla gama de destinos culturais, de negócios ou simples lazer esperam o fluxo turístico. Povo alegre, receptivo, culto e bem informado, além de curioso, espera sua chegada. Não perca a oportunidade, sobretudo agora, que a Cubana de Aviación voltará a voar o Brasil!
ResponderExcluirO Jaime está certo vale a pena conhecer esta ilha, seu povo, sua luta e sua história.
ResponderExcluirAproveitamos e convidamos tod@s para a XXI Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba em Foz do Iguaçu de 13 a 15 de Junho de 2013.
http://www.convencaonacionalcubabrasil.org/p/inscricoes.html