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Gastão Vieira, ministro do Turismo brasileiro, na abertura da FIT 2013. |
Atrair o turista brasileiro. Este
é o mote da Feira Internacional de Turismo (FIT) aberta na terça-feira, dia 7, em
Varadero, Cuba, com a presença de representantes de 53 países. O Brasil participa
do evento com uma grande delegação, chefiada pelo ministro do Turismo, Gastão Vieira.
O ministro brasileiro falou logo na
abertura do evento, juntamente com seu colega de Cuba, Manuel Marrero Cruz, e o
diretor da Organização Mundial do Turismo (OMT), Carlos Vogeler. Os três ressaltaram
a crescente importância do turismo no mundo de hoje, especialmente para países que,
como Cuba, dependem bastante dessa atividade econômica.
O ministro cubano Manuel Cruz anunciou
a abertura de um escritório da Empresa Cubana de Turismo no Brasil, em junho deste
ano. Ao mesmo tempo, vai ocorrer a retomada dos voos da Cubana de Aviação, inicialmente
na rota São Paulo–Havana. O objetivo é facilitar e baratear o acesso do turista
brasileiro àquele país.
A delegação brasileira ao FIT 2013
tem a participação de mais de 70 empresários do setor, a maioria donos de agências
de viagens e de hotéis, além de representantes de governos estaduais e municipais
e perto de 40 jornalistas de várias partes do país.
A secretária estadual de Turismo do
Rio Grande do Sul, Abigail Pereira, por exemplo, disse que, para seu estado, é importante
marcar presença em evento como este. “É uma oportunidade que temos de mostrar nossa
diversidade para o resto do mundo”, disse ela.
Já o empresário Antônio Salani, diretor
do Sindicato de Bares, Hotéis e Similares de São Paulo, acredita que Cuba tem muito
a mostrar aos brasileiros. “O Brasil dá um grande passo, pois Cuba tem laços históricos
conosco e desfruta da admiração dos brasileiros, pois nos mostra uma maneira diferente
de se viver”, argumenta.
O jornalista Francisco das Chagas
Leite Filho, do portal Café na Política, de Brasília, acredita que a aproximação
com Cuba no campo do turismo tem uma dimensão bem maior. Segundo ele, isso “faz
parte do processo de integração latino-americana, da vontade de nossos povos se
conhecerem melhor”.
Em verdade, as relações comerciais
Brasil–Cuba têm crescido bastante nos últimos anos. Para o Brasil, a indústria farmacêutica
cubana é importante parceira da área de medicamentos. Uma empresa brasileira acaba
de selar um acordo com os produtores cubanos para a fabricação conjunta de vacinas
para dengue e malária, cuja tecnologia eles dominam.
Dados apresentados pelo ministro Gastão
Vieira dão conta de que as exportações brasileiras para Cuba superaram US$500 milhão
no ano passado, mas tendem a aumentar rapidamente. Dois flancos abertos para esse
avanço são os da construção civil e de transportes públicos.
No setor de turismo, o representante
da OMT apresentou informações sobre profundas mudanças nas relações mundiais. A
começar pelo fato de que, em 2012, a China superou os Estados Unidos como principal
origem dos turistas que viajam pelo mundo. E, por outro lado, a Europa Ocidental
vem perdendo terreno como principal polo de atração de viajantes, devido à
crise econômica que atingiu a região.
Cuba aposta nessas mudanças. E acredita
que pode atrair a classe média brasileira, competindo até mesmo com o turismo interno
no Brasil. Para isso, joga com o fator custo. Ou seja, fica bem mais barato para
um turista de São Paulo, por exemplo, passar férias em praias cubanas do que nas
do Nordeste brasileiro.
Uma jornalista brasileira que cobre
o evento comprova esse fato com experiência própria. Ao comemorar os dez anos de
casamento, no final do ano passado, ela e seu marido fizeram orçamentos para irem
de Brasília a Fortaleza (CE) ou a Cuba. E passaram sete dias em Cuba pela metade
do valor que custaria a viagem ao Ceará.
O turismo tem hoje um peso de mais
de 20% na composição do Produto Interno Bruto (PIB) de Cuba. Para efeito de comparação,
em 2012, o setor teve peso de 3,7% no PIB brasileiro. Mas o Brasil não está satisfeito
com isso, pois seu potencial é muito maior. Na Itália, que tem economia de dimensões
parecidas, essa cifra é de 15%.
O ministro Vieira lembrou em sua fala
que o Plano Nacional de Turismo, lançado recentemente pela presidente Dilma Rousseff,
tem metas bem mais ousadas. “Pretendemos ser a terceira maior economia turística
do mundo em 2022”, afirmou ele. Mas ressaltou, parodiando o compositor Milton Nascimento,
que “o avião que leva gente é o mesmo que traz”.
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