A frase, que dá o título a este texto, foi dita pelo
líder do Partido Comunista russo, Gennady Ziuganov, no momento em que Fidel Castro
se afastou da presidência de Cuba, em fevereiro de 2008. Ela se perpetuará nos
corações dos cubanos e dos povos solidários que lutam contra a opressão e a
injustiça. A Síntese Cubana a utiliza para homenagear o comandante
eterno neste momento em que ele completa 87 anos de vida.
Fidel Castro passa à história como o homem da incansável
resistência aos Estados Unidos. Nos anos que permaneceu no poder, Fidel
enfrentou dez presidentes norte-americanos, além de um bloqueio econômico, uma
invasão apoiada pela CIA e vários atentados. Ele se tornou símbolo da esperança
dos países do Terceiro Mundo e dos movimentos de libertação.
Nascido em 13 de agosto de 1926 em Biran, Fidel foi o
terceiro de uma família de sete filhos. Seu pai, o espanhol Angel Castro,
combateu no Exército colonial da Espanha antes de se instalar na Ilha; a mãe,
Lina Ruz, era uma cubana humilde, natural de Pinar del Rio.
Após estudar em colégios jesuítas, Fidel se matriculou na
Universidade de Havana em 1945 e saiu formado em Direito cinco anos mais tarde.
No ensino superior, adquiriu consciência política, primeiro na Federação de
Estudantes Universitários (FEU) e depois como integrante do Partido do Povo
Cubano, no qual participou das campanhas contra a corrupção governamental.
Ainda como estudante, Fidel participou em 1947 da frustrada expedição que
tinha como objetivo derrubar o ditador dominicano Rafael Leonidas Trujillo. Um
ano mais tarde, quando estava em Bogotá para um congresso estudantil, foi
surpreendido pelo assassinato do líder progressista colombiano Jorge Eliecer
Gaitan e integrou os protestos posteriores, que ficaram conhecidos como
“Bogotazo”.
O golpe de estado protagonizado em Cuba, em 10 de março de
1952, pelo general Fulgêncio Batista levou o jovem advogado a optar pela luta
armada como via para derrubar o ditador. Em 26 de julho de 1953, depois de 16
meses de planejamento clandestino, Fidel liderou um grupo de patriotas que
atacou o quartel de Moncada, segunda base militar mais importante de Cuba. A
operação fracassou, mas marcou o ponto de partida da Revolução Cubana.
Fidel e seu irmão Raul foram condenados a 15 anos de prisão
em 16 de outubro de 1953, em um julgamento no qual o líder rebelde assumiu a
própria defesa e, durante um discurso de cinco horas, pronunciou a célebre
frase: “A história me absolverá”.
Em 15 de maio de 1955, Fidel Castro e seus companheiros
foram anistiados. Depois de fundar o Movimento 26 de Julho partiu para o exílio
no México, onde começou a preparar uma nova ação armada contra a ditadura de
Batista.
Em 2 de dezembro de 1956, a bordo do iate
Granma e à frente de 81 homens, desembarcou em Alegria de Pio, na região
oriental da Ilha, e sofreu um duro revés: o pequeno grupo expedicionário foi
dizimado pelo Exército assim que tocou em terra, mas 16 combatentes conseguiram
sobreviver, incluindo Fidel, Raul e
Ernesto Che Guevara, e se refugiaram em Sierra Maestra.
Protegida pela selva da cadeia montanhosa, a guerrilha
começou a atacar as tropas de Batista e a recrutar novos membros entre os
camponeses e jovens universitários. Quase dois anos depois, 10 mil soldados de
Batista se voltaram contra a guerrilha de Fidel, na fracassada “ofensiva de
verão”. Fortalecidos pela vitória, os rebeldes lançaram a batalha final. A
partir daí, centenas de simpatizantes engrossaram as fileiras da guerrilha.
Contra todos os prognósticos e depois de 25 meses de
combates, os “guerrilheiros barbudos” comandados por Fidel levaram Fulgêncio
Batista a fugir de Cuba no dia 1º de janeiro de 1959.
Sete dias mais tarde, o comandante-em-chefe fez sua
entrada triunfal em
Havana. Após entregar a Presidência da República a Osvaldo
Dorticos, Fidel foi designado primeiro-ministro do novo governo em fevereiro de
1959.
Fidel permaneceu neste cargo até 1976, quando foi nomeado
presidente ao ser eleito para a chefia do Conselho de Estado, cargo instituído
por uma nova Constituição, posto em que concentrou as funções de chefe de
estado e de governo.
Em 1959, uma das primeiras medidas do governo foi a
criação do Tribunal Revolucionário para julgar os repressores pertencentes ao
regime de Batista. Ao recordar a época, Fidel disse em 1975: “Este ato
elementar de justiça, que era exigido unanimemente por nosso povo, deu lugar a
uma feroz campanha da imprensa imperialista contra a Revolução.”
Outra ação adotada logo após o triunfo da Revolução foi a
reforma agrária, que expropriou e nacionalizou os latifúndios, pertencentes em
90% a interesses americanos. Em seguida, aplicou uma reforma urbana que passou
para as mãos do estado as grandes empresas – também majoritariamente americanas
– que controlavam a economia da Ilha.
As medidas provocaram a ruptura diplomática com os Estados
Unidos em 3 de janeiro de 1961. Sete meses depois, Havana optou por vincular-se
a Moscou, em uma aliança que teve uma influência determinante por mais de três
décadas.
Em abril de 1961, 1.400 mercenários apoiados pela Agência
Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) desembarcaram na Baía dos
Porcos e Fidel comandou pessoalmente o contra-ataque. A expedição
antirrevolucionária foi derrotada no campo de batalha, mas as ações de
sabotagem e de operações guerrilheiras contra o regime continuam até hoje.
Em 1962, o jovem regime revolucionário atravessou um
período crítico. Washington conseguiu a suspensão de Cuba da Organização dos
Estados Americanos (OEA) e deu início ao bloqueio econômico, comercial e
financeiro da Ilha.
Em 3 de outubro de 1965, Fidel foi nomeado primeiro
secretário do novo Partido Comunista de Cuba (PCC), que substituiu o Partido
Unido da Revolução Socialista (PURS), com uma importante transição ao
marxismo-leninismo. Sete anos mais tarde, Cuba tornou-se membro do Conselho de
Ajuda Mútua Econômica (Came), que reunia os países socialistas do mundo
inteiro.
A Revolução Cubana serviu de espelho, principalmente para
países do Terceiro Mundo. Uma destas operações, em 9 de outubro de 1967,
resultou na morte de Ernesto Che Guevara. Depois de abandonar todos seus cargos
públicos para continuar lutando por seus ideais revolucionários na África,
Guevara voltou à América Latina para criar um movimento insurgente na Bolívia,
onde foi capturado e morto.
Presidente do Movimento de Países Não-Alinhados de 1979 a 1983, Fidel se tornou
um dos líderes mais populares do mundo, com discursos contra o imperialismo, o
colonialismo, a exploração e o racismo. Também comandou uma grande ofensiva
contra o pagamento da dívida externa.
Fidel
Castro exerce uma liderança natural sobre um país de cerca de 11 milhões de
habitantes. Mesmo com a crise econômica em Cuba, provocada pelo bloqueio
imposto dos Estados Unidos, ele conseguiu manter seus princípios e seguir em
frente com seus ideais de solidariedade entre as nações e justiça.
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